Às vésperas de completarmos vinte anos de promulgação da Lei 10.639/03, ainda não podemos comemorar sua efetiva implementação. Estudantes negros anseiam pelo direito à educação livre dos entraves impostos pela discriminação racial. Estudantes não negros ainda aguardam pelo direito de não serem educados para reproduzirem a discriminação racial. A lei 10.639/2003 é uma conquista justamente por ser uma determinação legal. O que não equivale afirmar que é autoritária, pois busca justiça social respeitando a autonomia pedagógica e valorizando o papel do professor. Não podemos transformar estes desafios em entraves, contorná-los ou atendê-los parcialmente. Silenciar a lei 10.639/03 é desprezar séculos de lutas pelo direito à educação, transformando uma conquista em derrota. É por isso que as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana elegem um protagonista principal: você educador. Cabe aos gestores, educadores e professores construírem a Escola Antirracista. Não o gestor desamparado, nem o professor isolado ou o educador indignado. É preciso que o compromisso antirracista seja um projeto do sistema de ensino. E o primeiro passo para firmar este compromisso é oferecer formação continuada e materiais didáticos adequados. É a partir deste diagnóstico que este programa de formação continuada de professores e gestores foi elaborado. Trata-se de um programa de formação, pois concebe a atuação do professor de forma ampla: capacitação, planejamento, subsídios didáticos e suporte pedagógico. Desta forma, a proposta não se limita ao curso de formação continuada. Ela se desdobra em material de apoio pedagógico - sequências didáticas e caderno de atividades - e ferramentas didáticas interativas disponíveis para acesso on-line. A lei está promulgada, as ferramentas estão disponíveis. Vamos juntos construir uma Escola Antirracista?